quinta-feira, 30 de janeiro de 2014


MARTI E A PÁTRIA GRANDE

Na semana em que se assinalaram os 161 anos do nascimento de José Marti, realizou-se em Havana a II Cimeira da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, organização que agrega 33 Nações que representam mais de 600 milhões de cidadãos.

Desde muito cedo Marti estabeleceu como prioridade para a sua vida lutar pela independência de todas as colónias, incluindo a cubana, pois não entendia o absurdo de às portas do século XX ainda existirem países na América Latina governados por europeus.

Nas suas andanças por vários países e inspirado em Bolívar, Marti consolidou o seu pensamento sobre a libertação das Américas e no meio de outras vozes anticoloniais do século XIX, surge a de José Martí contra todas as formas de dominação colonial, em especial àquelas que levam à dependência, sobretudo em relação ao que se organizava já na América do Norte e que constituía uma ameaça real para os países do centro e do sul.

Ao perceber essa realidade, Martí propõe a união dos povos latinos como o caminho necessário à integração continental num processo que desencadeasse o despertar contra a opressão social e cultural, mas conservando a autonomia e as particularidades de cada país para fazer frente ao neocolonialismo.

A presença na capital cubana do Secretário-Geral das Nações Unidas e das 33 delegações representadas ao mais alto nível pelos presidentes de Governo ou de Estado, é a melhor homenagem que hoje se poderia prestar a José Marti, quando as suas propostas têm plena concretização, assistindo-se à união dos povos da América Latina com a consolidação da CELAC.

Há pouco mais de uma década seria muito difícil acreditar que algum dia pudéssemos assistir àquilo por que Simon Bolívar e José Marti se bateram, cada um na sua época mas com o mesmo pensamento, tal como Fidel Castro e Hugo Chávez, que juntos deram o grande impulso para a criação da Comunidade, onde se vive um clima de respeito, de amizade, de solidariedade, de confiança e de cooperação.

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos sai fortalecida desta Cimeira, a mais participada de sempre, o que demonstra bem o empenhamento dos governos em dar corpo à “Pátria Grande” preconizada por Bolívar e Marti, mostrando ao mundo que é possível ultrapassar quaisquer divergências quando se está unido e de boa fé.

A Cimeira proclamou a Améria Latina e o Caribe como Zona de Paz; que não venham outros, disfarçados de salvadores, fazer a guerra.


(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


ZONA ESPECIAL DE MARIEL

Para dar continuidade às transformações que têm vindo a ser introduzidas no sector económico, Cuba prepara-se para a abertura das primeiras instalações da Zona Especial de Desenvolvimento Económico situadas no modernizado porto de Mariel, uma baía localizada a cerca de 50 km a oeste de Havana.

Este projecto, que tem uma extensão de 445 km quadrados, envolve um investimento superior a 900 milhões de dólares e está a ser construído através de uma parceria entre Cuba e o Brasil, fruto do bom relacionamento e confiança existente entre os dois países e do interesse de muitas empresas brasileiras instalarem aí as suas bases produtivas, destacando-se, entre outras, as de têxteis, calçado, farmacêuticas, vidro e carroçarias para autocarros, não só para o mercado cubano como também para a exportação, aproveitando os benefícios fiscais e aduaneiros que foram aprovados para esta zona especial com o objectivo de fomentar o desenvolvimento sustentável e a atracção de investimentos estrangeiros.

Prevê-se que pelas modernas instalações portuárias com capacidade para receber barcos de grande calado transitem mais de 3 milhões de contentores por ano, podendo futuramente situar-se estrategicamente como o principal centro regional de logística de mercadorias após o alargamento do Canal do Panamá, cujas obras devem estar concluídas no próximo ano.

Todo o complexo de Mariel terá condições avançadas de infra-estruturas baseadas em tecnologias limpas e respeitadoras do ambiente, necessárias para apoio às actividades relacionadas com o sector imobiliário, turismo, recreação, inovação tecnológica, agropecuária, comércio e serviços.

A partir do momento em que o Porto de Mariel estiver totalmente operacional iniciar-se-á o desmantelamento e a renovação da magnífica enseada de Havana para a transformar numa marina para iates e porto de cruzeiros, valorizando o centro histórico, considerado pela UNESCO Património Mundial.

Não só para divulgar este novo projecto como também para prestar esclarecimentos sobre a economia cubana, a Embaixadora de Cuba em Portugal tem visitado e mantido contactos com algumas Associações Empresariais que se têm mostrado interessadas em promover missões comerciais a Cuba, tendo em vista a possibilidade de incrementar as transacções entre os dois países nos mais variados sectores, atendendo à especificidade e qualidade de alguns produtos portugueses que podem ser muito competitivos nos mercados do continente americano.

A Zona Especial de Desenvolvimento Económico de Mariel será, a partir deste ano, não só uma obra do presente, mas fundamentalmente uma obra para o futuro de Cuba e de todos aqueles que a ela se associarem.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



quinta-feira, 9 de janeiro de 2014


EUSÉBIO E O FUTEBOL CUBANO

Quando Portugal acaba de perder uma das suas maiores figuras de todos os tempos, era inevitável que escrevesse algumas linhas sobre Eusébio da Silva Ferreira, em especial na ligação que ele tinha com Cuba, onde era habitual ir de férias com a sua Esposa, conforme confidenciou à Embaixadora Joahna Tablada de la Torre no decorrer do último “Habanos Day” realizado em Outubro passado em Cascais.

Segundo a Embaixadora, Eusébio impressionou-a pela sua modéstia e simpatia, atributos que só os “grandes” possuem, tendo trocado algumas palavras com ela sobre o desporto cubano em geral e em particular sobre o futebol, demonstrando o seu conhecimento sobre a evolução dos atletas (masculinos e femininos) que praticam esta modalidade na maior Ilha do Caribe, tendo ele afirmado na ocasião que o futebol cubano vai no bom caminho para que no futuro possa vir a alcançar o seu espaço no plano internacional.

Sendo o beisebol considerado a principal modalidade desportiva do país, remonta ao ano de 1924 a fundação da Federação Cubana de Futebol que viria a filiar-se na FIFA cinco anos mais tarde e participado no campeonato do mundo que se realizou em França no ano de 1938, chegando aos quartos de final depois de eliminar a Roménia. Desde aí para cá nunca mais se conseguiu classificar, mas com a criação da Escola Nacional de Futebol que funciona como centro de estudos e treino dos jovens futebolistas do país, os quais só podem jogar se tiverem bom aproveitamento no sistema de ensino, é de esperar que os resultados venham brevemente a aparecer, fruto de uma boa formação de base e em sintonia com os princípios desportivos aplicados a outras modalidades.

De visita a Cuba no ano passado, o presidente da FIFA Joseph Blatter teve encontros com as mais altas autoridades do país, enaltecendo o trabalho que tem sido desenvolvido nesta área e lembrando que no âmbito regional a Selecção Cubana conquistou em 2012 a Copa do Caribe, depois de ter sido por três vezes vice-campeã.

Em várias ocasiões pude testemunhar o gosto que os cubanos têm pelo futebol e graças às transmissões televisivas dos principais torneios internacionais, vão acompanhando a modalidade e criando os seus ídolos. Antes foram Eusébio e Pelé, depois muitos outros como Maradona ou Figo e nos tempos que correm, Messi ou Cristiano Ronaldo.

Para prestar homenagem àquele que foi um dos expoentes máximos do futebol mundial, desportista exemplar e homem de extrema solidariedade para com o seu semelhante, a Embaixadora Johana Tablada, em representação da República de Cuba esteve no Estádio da Luz assinando o livro de condolências e dirigindo algumas palavras de conforto à família de Eusébio.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)