quarta-feira, 23 de abril de 2014


DO PRIMEIRO DE JANEIRO AO VINTE CINCO DE ABRIL

Ao aproximar-se a data comemorativa do 25 de Abril de 1974 em Portugal, vem-me à memória o dia 1 de Janeiro de 1959 em Cuba, pelas semelhanças que quer uma quer outra Revolução despertaram nas esperanças das populações por um país novo, mais justo e mais solidário, embora com motivações e origens muito diferentes, já que em Cuba foi a sociedade civil a organizar-se e a travar uma luta armada que já vinha desde 1953 com o assalto ao Quartel Moncada até à formação do Exército Rebelde que se instalou na Sierra Maestra e que desde a primeira hora teve como seu líder máximo o jovem advogado Fidel Castro.

Mas enquanto em Cuba a Revolução continua e está bem viva, em Portugal já há muito que acabou, não porque estejam cumpridos todos os desideratos, mas sim porque os poderes instituídos, internos e externos, a isso conduziram o país, escudados numa pseudo-democracia representativa que está cada vez mais caduca e completamente desactualizada, resultando num cada vez maior desinteresse pelos actos eleitorais.

Por isso, falar-se em Revolução no 25 de Abril é apenas a evocação de uma efeméride, ou, com algum esforço, fazer-se um exercício de memória sobre o que podia ter acontecido, mas não aconteceu, porque para haver Revolução têm de existir revolucionários e não apenas alguns bem instalados na vida que usam o poder para dele se servirem, à sombra dos partidos que lhes dão cobertura.

Em Cuba, por muitos erros que se tenham cometido, a Revolução continua a dar os seus frutos e a evoluir de acordo com os tempos de mudança, mas tendo sempre presente a independência e a soberania do país, consolidando as conquistas alcançadas no sector social e adaptando-se às novas medidas nos aspectos económicos. Como diz Fidel, “Revolução é fazer aquilo que tem de ser feito” e por isso ela nunca está acabada e tem permanentemente de se manter em evolução.

Portugal e os portugueses têm hoje de se sujeitar a directivas estrangeiras, não se sabendo como vai ser o amanhã, independentemente de quem esteja no poder, já que há muito se perdeu a possibilidade de o povo poder determinar o seu destino, tendo de aceitar tudo aquilo que “democraticamente” lhe impõem, até ao dia em que finalmente possa haver uma verdadeira Revolução.

No próximo dia 25 de Abril vamos ouvir mais uns discursos, não muito diferentes dos anteriores e tudo vai continuar na mesma, ou pior, porque temos de pagar a “dívida” e os juros da “divida” sem que para isso tivéssemos sido consultados ou que disso tivéssemos beneficiado.

Quando alguns iluminados falam de Cuba e do seu sistema político, desconhecendo as realidades, seria bem melhor que olhassem à sua volta e vissem as diferenças que existem no seu próprio país, onde as desigualdades são cada vez maiores e o futuro uma incógnita.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



terça-feira, 22 de abril de 2014


ADRIANA E EFRÉN
Vítimas do terrorismo em Portugal

Assinalam-se hoje, dia 22 de Abril, os 38 anos decorridos sobre o cobarde atentado à bomba na Embaixada de Cuba em Lisboa, onde morreram dois funcionários diplomáticos cubanos, Adriana Corcho Calleja e Efrén Monteagudo Rodriguez, de 36 e 33 anos respectivamente, vítimas de um dos 165 criminosos actos terroristas que entre 1974 e 1976 foram executados contra representações e diplomatas cubanos em 24 países diferentes, organizados e perpetrados pelas organizações contra-revolucionárias com sede em Miami e apoiadas pelos governantes norte-americanos.

Na tarde do fatídico dia 22 de Abril de 1976, produziu-se a explosão de uma bomba de alto poder destrutivo colocada na escadaria junto à porta de um dos apartamentos que ocupava a sede diplomática no sexto piso de um edifício da Av. Fontes Pereira de Melo em Lisboa. Adriana, ao detectar a presença da carga explosiva e compreendendo o perigo, alertou os restantes companheiros, retirando-se para o interior a fim de tomar as medidas de segurança pertinentes, quando foi surpreendida pelo rebentamento. Os dois pisos que ocupava a representação cubana sofreram grande destruição, assim como os vários apartamentos próximos tiveram consideráveis danos.

Não deixa de ser curioso que no dia 30 de Janeiro desse mesmo ano George H. Bush tenha assumido funções como director da CIA e que a partir de então, na medida em que os grupos terroristas anti-cubanos fortaleciam as suas relações com o clã Bush, se tenham incrementado as agressões contra os interesses de Cuba no estrangeiro. Parece que nada acontece por acaso ou por simples coincidência.

Quando actos desta natureza são perpetrados contra interesses americanos, vem logo a Casa Branca condená-los, mas em coerência, deveria o Presidente Obama reprovar e perseguir todos aqueles que se dedicam a tais práticas, sejam elas contra o seu país ou contra qualquer outro, não permitindo que se acoitem no seu território e que sejam treinados e financiados pelas instituições governamentais norte-americanas.

As autoridades cubanas rejeitam e condenam inequivocamente todo o acto de terrorismo em qualquer parte do mundo, sob qualquer circunstância ou quaisquer que sejam as motivações que se aleguem.

Adriana e Efrén foram vítimas mas não morreram em vão e sempre serão recordados em Portugal e em Cuba como revolucionários, que ao serviço do seu país caíram em combate tal como o Herói Nacional José Marti, na defesa dos seus ideais e do seu povo.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



quinta-feira, 10 de abril de 2014


A CIA, A USAID E A REDE SOCIAL ZUNZUNEO

Quando na passada semana escrevi sobre os pseudo “dissidentes” ainda não tinha vindo a público mais uma outra façanha da USAID que tem o pomposo nome de Agência dos Estados Unidos para Ajuda ao Desenvolvimento, criada em 1961 para hipoteticamente promover programas de cooperação com outros países nas áreas da agricultura, educação, saúde e assistência humanitária, mas que na prática e em estreita colaboração com a CIA, apenas serve para provocar acções desestabilizadoras em países não alinhados com a sua política, num claro desrespeito pelas normas internacionais e violando todas as convenções e tratados.

Esta Agência, que dispondo de avultadas quantias pagas pelos impostos dos cidadãos americanos e que desde há anos vem tentando criar uma “primavera cubana” tal como aconteceu nos países do médio oriente, foi agora posta em causa numa investigação da “Associated Press” onde são revelados os seus ilegítimos processos de actuação e onde gastaram ilegalmente mais de um milhão e meio de dólares com a criação de uma rede social de nome “ZunZuneo” para mudar o regime em Cuba.

Os administradores da rede financiada pela USAID chegaram a enviar cerca de dois milhões de mensagens aparentemente inofensivas, com o objectivo de mais tarde enviar outras tantas com apelos à revolta e mobilização, principalmente dos jovens, já que estes estão mais familiarizados e receptivos à troca de SMS. Esta acção faz parte de um amplo e sujo plano subversivo que utilizando as novas tecnologias, é complementado pelo pagamento de alguns dólares a grupelhos facilmente manipuláveis para que criem a desordem e o descontentamento das populações até as levarem à violência, tal como já aconteceu noutros países.

Mas em Cuba deram-se mal e o dinheiro que gastaram de nada lhes serviu porque desvalorizaram a consciência revolucionária dos jovens e de todo o povo cubano que não se deixa iludir facilmente e sabe que a sua independência e soberania são conquistas inalienáveis.

A política externa dos EUA, principalmente em relação a Cuba está completamente obsoleta e não faz qualquer sentido a continuação de um bloqueio comercial, económico e financeiro que prejudica ambas as partes, apenas por mero capricho de uns quantos mafiosos que nunca aceitaram a Revolução, mas que têm dinheiro e influência suficiente para exercerem pressão sobre as autoridades governamentais e a opinião pública americana a quem é escondida a verdade sobre a realidade cubana, com o pretexto da ameaça comunista.

Felizmente que os ventos estão a mudar e recentemente a ONG americana “Global Exchange” atribuiu o seu prémio anual aos cinco heróis cubanos, escolhidos entre outros pela seu destacado labor na luta contra o terrorismo, pela justiça e pelos direitos humanos, lembrando que foram condenados sob falsas acusações, encontrando-se três ainda presos. Este galardão será apresentado oficialmente no próximo dia 8 de Maio numa gala que se realizará em San Francisco, na Califórnia, constituindo um importante passo para que seja finalmente feita justiça.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



sexta-feira, 4 de abril de 2014


QUE DISSIDÊNCIA EXISTE EM CUBA?

Ao longo de mais de 150 crónicas sobre Cuba que nos últimos 3 anos escrevi, sempre tentei evitar abordar o tema da dissidência interna, não porque ela não exista, mas sim porque entendo que sendo tão insignificante e de duvidosa seriedade, não lhe deveria dar importância nem publicidade.

Mas desta vez não me contive porque os factos só comprovam o que penso dessa gente sem escrúpulos que se vende por um punhado de dólares, renegando princípios, traindo a pátria e colaborando com aqueles que tanto mal têm feito aos seus concidadãos.

Os auto-proclamados dissidentes cubanos recebem dinheiro oriundo dos impostos que os cidadãos norte-americanos pagam, fazendo disso uma forma de vida, até descobrirem que uns recebem mais que outros e aí lá se vai a “dissidência” com acusações mútuas e denúncias das vigarisses que praticam. Há quem receba para além da mesada, também equipamentos electrónicos como computadores, tabletes, plasmas, telefones celulares, etc., que deveriam ser distribuídos para aliciar outras pessoas para a sua “causa” mas que acabam por ser vendidos no mercado negro e assim amealharem mais uns dinheiritos. É esta gente sem moral e a que nem ao próprio dono que os alimenta são fiéis, que os media querem fazer passar por opositores, apressando-se a reproduzir todas as suas mentiras e invenções, de modo a desacreditar o legítimo governo cubano.

Existe até uma cubana que tem um blogue e que se licenciou gratuitamente em filologia hispânica à custa do seu país, que supostamente é perseguida pelas autoridades, mas que circula livremente por onde quer, até com visitas ao estrangeiro para participar em palestras organizadas para denegrir Cuba, recebendo avultadas quantias pelo seu abnegado “trabalho”.

Para já não falar de umas certas “damas” que se vestem de branco e que se não fosse a protecção policial já há muito tinham desaparecido, porque os cubanos que diariamente trabalham e lutam para garantir o seu sustento e dos seus familiares, não suportam esta gente oportunista e que é paga para exercer provocações.

Se há povo que é crítico, esse é sem dúvida o cubano, que não se resigna e que não perde a oportunidade de se manifestar quando entende que o deve fazer, mas fá-lo de maneira ordeira e nos locais próprios, sabendo que a democracia participativa assenta no povo e que é neste que está o verdadeiro poder.

Há gente insatisfeita? Claro que sim e outra coisa não se poderia esperar, mas todos sabem o que a Revolução proporcionou, mesmo com alguns erros de percurso, mas também com enormes conquistas de carácter social que muito poucos países do mundo se podem orgulhar, tendo em vista os relatórios das mais prestigiadas e insuspeitas organizações internacionais que reconhecem o esforço que tem sido feito por uma nação que há mais de 50 anos sofre com um criminoso bloqueio comercial, económico e financeiro perpetrado pela maior potência bélica.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)