quinta-feira, 22 de maio de 2014


CARTA A OBAMA
Ainda o Bloqueio dos EUA a Cuba

Já várias vezes escrevi sobre o tema do bloqueio norte-americano a Cuba que dura há mais de 50 anos, mas nunca é demais voltar ao assunto, na medida em que ele se mantém sem qualquer justificação razoável, a não ser por motivos meramente políticos na tentativa de ingerência num Estado independente e soberano, violando todas as normas e acordos internacionais.

Muitas são as vozes por todo o mundo, incluindo a assembleia-geral das Nações Unidas, que exigem o seu fim, vindo agora um numeroso grupo de personalidades americanas onde se incluem ex-elementos de altos cargos políticos dos Partidos Democrata e Republicano, militares, empresários e analistas que em carta dirigida ao presidente Obama lhe pedem que assuma uma nova postura face ao relacionamento com Cuba. Da vasta lista de reivindicações sugerem, entre outras,  que Obama autorize o intercâmbio de profissionais de qualquer sector para apoiar a actividade económica da Ilha, nomeadamente através de Organizações não Governamentais e Académicas, podendo viajar livremente para Cuba, que permita aumentar as importações e exportações entre as comunidades dos dois países, assim como assegurar a realização de operações bancárias entre as instituições financeiras.

Os signatários argumentam que Obama tem uma "oportunidade sem precedentes" num contexto em que a maioria dos americanos apoiam uma mudança na política em relação a Cubade acordo com uma pesquisa revelada recentemente. Mas alertam que esta "janela de oportunidade" pode fechar, já que os EUA estão cada vez mais isolados internacionalmente, numa referência à aproximação diplomática a Cuba por parte da União Europeia e à totalidade do vasto conjunto de países que fazem parte da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe que apoiam Cuba.

A carta dirigida a Obama também refere o desagrado pela colocação de Cuba na lista de países que patrocinam o terrorismo, já que não existe qualquer prova ou justificação para isso, a não ser que os milhares de médicos, enfermeiros e professores que se encontram em missões internacionalistas possam ser considerados um perigo para a humanidade.

Esta é mais uma tentativa de acabar com o ridículo embargo que prejudica ambos os países e que ao longo de décadas nunca deu os frutos que inicialmente a administração norte-americana pretendia, que era o de asfixiar completamente a economia cubana e assim derrotar a Revolução, voltando a fazer da Ilha um paraíso para mafiosos e exploradores de todos os recursos a que pudessem deitar mãos.

Cuba prossegue a bom ritmo o seu processo de desenvolvimento sustentado, com planos amplamente estudados e discutidos em todos os sectores de actividade, continuando a assegurar as conquistas da Revolução, a sua independência e a sua soberania, mesmo suportando o criminoso bloqueio económico, financeiro e comercial por parte dos EUA.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)



sexta-feira, 9 de maio de 2014


CONVENTO DE BELÉM
Mais uma obra de Eusébio Leal

Um dos locais visitados pelo grupo que acompanhei recentemente a Cuba foi o antigo Convento de Nossa Senhora de Belém, edificação que data dos finais do século XVII ocupando uma área de 12.000 m2 e que desde 1704 teve variadíssimas utilizações, até que em 1992 um violento incêndio afectou importantes zonas da igreja e dos claustros, acabando por ser abandonado e com o tempo, aumentando a sua degradação.

Em 1994 a edificação passou para a posse do Gabinete do Historiador de Habana, a que preside Eusébio Leal, iniciando-se de imediato as obras de reconstrução de acordo com um programa elaborado por especialistas, desenvolvendo-se actualmente projectos de cariz humanitário com vista à diminuição ou até resolução dos problemas que se apresentam aos idosos, às crianças, aos jovens deficientes físicos e psíquicos, ou a qualquer cidadão da comunidade que necessite da instituição.

Nestas instalações funciona um Centro de Dia onde os mais idosos desenvolvem actividades lúdicas e de valorização pessoal, usufruindo do refeitório, centro médico e de enfermagem, área de fisioterapia e reabilitação, gabinete de oftalmologia e optometria, farmácia e zonas de mero lazer. Uma outra ala do Convento está reservada para os utentes que pela sua condição de isolamento familiar necessitam de pernoitar, para além de existir ainda uma zona exclusiva e devidamente apetrechada para os cuidados especiais que requerem os doentes de Alzheimer.

Como instituição de carácter social dependente da Direcção de Assuntos Humanitários, o Convento de Belém possui também um Infantário onde as crianças de tenra idade passam o dia enquanto os seus familiares se ocupam das tarefas profissionais a que estão ligados, estando projectado um centro para crianças com deficiências motoras e psíquicas.

E tudo isto gratuitamente, sendo os custos suportados pelo Gabinete do Historiador, que para além do permanente e grande investimento na recuperação de todo o Centro Histórico, considerado pela UNESCO Património Cultural da Humanidade desde 1982, tem também a preocupação com os aspectos sociais, numa obra de louvar e digna de ser apreciada, onde o grupo pôde livremente confraternizar com os utentes, trocando opiniões e comprovando o bom trabalho que ali se realiza diariamente.

Havana Velha, com os seus restaurantes e hotéis de charme da empresa Habaguanex, os seus espaços culturais e galerias de arte, as suas ruas e praças emblemáticas ladeadas por edifícios de estilo colonial está cada vez mais harmoniosa, constituindo um autêntico museu a céu aberto onde os visitantes se sentem bem e integrados numa cidade com mais de 500 anos de existência.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación) 



segunda-feira, 5 de maio de 2014



SÍMBOLO DE PORTUGAL EM CUBA

Mais uma vez estou em Cuba onde vim acompanhar um grupo de portugueses interessados em participar na grande festa que é o 1.º de Maio, os quais, representando o país, se juntaram às centenas de milhar de cubanos que desfilaram perante o Memorial José Marti na Praça da Revolução.

Assistir e participar na grande festa do Dia Internacional dos Trabalhadores que anualmente tem lugar em Cuba é um privilégio que alguns portugueses já tiveram oportunidade de concretizar, ficando a imensa saudade dessa jornada, única em todo o mundo, onde ao contrário de outras latitudes, todos se manifestam com alegria no apoio aos seus governantes, ao sistema social e à Revolução.

Curiosamente, a grande maioria dos participantes enverga por tradição roupa nas cores vermelha, azul ou branca, as cores da bandeira nacional, como símbolo do seu patriotismo e amor à terra que os viu nascer, emprestando assim um colorido de conjunto que se confunde com as imensas bandeiras, tarjas e cartazes que envergam, com destaque especial para a libertação dos heróis cubanos que ainda se encontram presos nos EUA por combaterem o terrorismo.

Como esta viagem não se poderia reduzir apenas ao desfile, foi traçado um intenso programa de carácter social onde fosse possível ficar a conhecer um pouco melhor a história e as condições reais do país, visitando para além de Havana Velha, considerada Património da Humanidade pela UNESCO e de alguns museus, uma cooperativa agrícola, um médico de família, uma policlínica e um lar de idosos, assim como também encontros num Comité de Defesa da Revolução, no Instituto Cubano de Amizade com os Povos e na Federação dos Estudantes Universitários.

Mas uma surpresa estava reservada, quando depararam com a estátua de Camões numa praça bem cêntrica junto ao legendário Hotel Ambos Mundos, onde residiu Hemingway e a poucos metros da Casa de Infusões que recorda a presença em Cuba de Eça de Quirós. Este monumento, que passará a fazer parte do roteiro turístico, foi inaugurada no passado dia 24 de Abril pelo Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Luís Campos Ferreira, que se deslocou a Cuba em visita oficial para assinar um memorando de entendimento, com vista ao estabelecimento de consultas políticas regulares entre os dois países.

A semana está a chegar ao fim e tal como sucedeu com outros visitantes anteriores, estes vão ficar com o desejo de voltar a Cuba, regressando a Portugal com alguma nostalgia, mas também mais enriquecidos no aspecto do conhecimento de uma realidade bem diferente daquela que a propaganda mafiosa quer fazer passar.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)