quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016


CUBA - CAPITAL DO DIÁLOGO, DA UNIDADE E DA PAZ

Com o encontro histórico entre o Papa Francisco e o Patriarca Kiril da Igreja Ortodoxa Russa que se realizou em Havana no passado dia 12 de Fevereiro, cuja declaração conjunta foi lida e assinada na presença do Presidente Raul Castro, anfitrião dos distintos representantes das duas Igrejas que estavam divididas desde o Cisma no ano de 1054 e que agora, passado quase um milénio, se voltaram a reunir fraternalmente num país que sabe acolher todos aqueles que estão dispostos a uma reconciliação sincera.

Mas porquê a escolha de Cuba para este 1.º encontro? Para além de outros aspectos objectivos ou subjectivos, podemos recorrer à própria declaração em que num dos pontos refere que Cuba, na encruzilhada entre o Norte e o Sul, o Este e o Oeste é um símbolo de esperança do Novo Mundo, constituindo o local próprio para se dirigirem a todas as nações da América latina e de outros continentes apelando ao diálogo entre as religiões e à promoção da paz entre os povos.

Cuba tem sido palco de muitos outros encontros e o êxito de que se têm revestido as conversações entre os representantes do governo Colombiano e os grupos armados opositores, já levaram a que fossem assinados acordos de cessar-fogo e tudo leva a crer que o entendimento entre as partes venha a ser duradouro com a mediação e o contributo de Cuba para que se alcance a paz naquela região.

E que melhor contributo pode haver para a paz que o exemplo de um país que em Maio de 1963 enviou numa primeira missão internacionalista 29 médicos, 4 estomatologistas, 14 enfermeiros e 7 técnicos de saúde para prestarem os seus serviços em Argel, que havia conquistado poucos meses antes a sua independência de França e ficado com escassos meios de apoio sanitário, valendo-se numa primeira fase deste grupo para suprir as carências que existiam

Daí para cá têm sido milhares de profissionais de saúde e de educação que integraram as missões internacionalistas, contando na actualidade com cerca de 50.000 – metade são médicos – a prestarem serviço e a dar formação local em mais de 68 países e alguns nas zonas mais recônditas do planeta.

Quando existem catástrofes, seja onde for, Cuba tem sempre disponibilizado os seus técnicos para acorrerem nas primeiras horas de auxílio às vítimas, permanecendo nesses locais até que tudo esteja estabilizado e se considere que a sua presença já não é necessária. O que não acontece no Haiti, por exemplo, onde continuam as brigadas de saúde cubanas em contraste com outros países que para aí enviaram militares depois do arrasador sismo de 2010. Em epidemias, como recentemente o ébola, os médicos e enfermeiros cubanos estiveram na primeira linha de combate em vários países africanos, ajudando com a sua acção a controlar o vírus e a educar as populações para a sua prevenção.

As palavras do Papa Francisco e do Patriarca Kiril na declaração de Havana assentam bem no que é Cuba para o mundo e por isso poder-se-á considerar que Cuba é a capital do diálogo, da unidade e da paz.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)





quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016


UMA TRANSIÇÃO PACÍFICA

Quando há cerca de 10 anos o Presidente Raul Castro assumiu as mais altas funções do Estado Cubano, muito se escreveu e disse sobre o assunto, havendo até quem considerasse que se tratava de uma sucessão entre irmãos, omitindo o glorioso passado de Raul que toda a sua vida dedicou à Revolução, participando no ataque ao Quartel Moncada com apenas 22 anos de idade e estando sempre ao lado do Comandante-em-Chefe Fidel Castro.

Assumindo de forma responsável todas as funções que lhe foram atribuídas desde a Sierra Maestra até aos dias de hoje, Raul mostrou sempre elevada competência e ponderação, sabendo, com a sua simplicidade natural, trilhar os caminhos que a Revolução lhe destinaria.

Com o seu estilo próprio e sem querer imitar ninguém, tem sabido dirigir os destinos do país de uma forma tranquila e com objectivos concretos, promovendo as reformas necessárias para o progresso e o futuro da Nação, sendo respeitado e admirado pela sua personalidade e não por ser irmão de quem é.

Na última década muitas transformações se operaram e hoje é inquestionável o seu contributo para que novas relações existam com os EUA e a União Europeia, a abertura económica interna e as novas condições para o investimento estrangeiro, o reforço do prestígio de Cuba nas organizações internacionais, a consolidação das missões internacionalistas de ajuda a outros países carenciados e em tantos outros aspectos de especial relevância nacional e internacional.

Numa demonstração de total desprendimento pelo poder, sabendo que ele é efémero e que o País está acima de vaidades ou interesses pessoais, Raul, tal como o fizera também Fidel, anunciou já que dentro de pouco tempo se iria afastar do poder e que não se recandidataria a novo mandato, cumprindo a sua recomendação de limitar a dois períodos consecutivos de cinco anos o desempenho de cargos políticos e estatais fundamentais, dando lugar às novas gerações que, segundo ele, estão mais que preparadas para dar estabilidade e continuidade à Revolução que muito custou a conquistar.

A poucos meses de completar 85 anos e de monstrar uma excelente vitalidade física e mental, Raul decidiu que chegou a hora de passar o testemunho, embora, como se espera, continue disponível para ajudar com a sua vasta experiência quem lhe venha a suceder, pois novos e difíceis desafios serão necessários ultrapassar e os seus conselhos constituirão uma mais-valia para os novos governantes.

Aqueles que só acreditam numa democracia assente em sistemas pluripartidários bem podem reconhecer que existem outras formas de organização com base no poder que emana directamente do povo e das suas organizações representativas, tendo sempre por objectivo a defesa dos interesses colectivos e da Nação.

O criminoso e injustificado bloqueio económico, comercial e financeiro imposto a Cuba há mais de 50 anos tem de acabar, porque a Revolução continua bem viva e nada a fará derrubar enquanto existirem homens e mulheres que por ela darão a vida se necessário for, dispostos a todos os sacrifícios para a defender.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)