UM LOUCO CHAMADO DONALD
De todas
as palermices já proferidas por Donald Trump, faltava ao candidato falar de
Cuba e da reversibilidade dos acordos já estabelecidos entre os dois países,
caso ele vença as eleições e o governo cubano persista na “falta de liberdade
religiosa” e “não liberte os presos políticos”.
Claro
está que estas palavras eram dirigidas a um público constituído por eleitores
de Miami, sabendo ele que aí radicam alguns grupelhos inimigos de Cuba que têm
fomentado e praticado actos de terrorismo para desestabilizar a ordem pública,
com as consequências que são sobejamente conhecidas.
Mas que
conhecimentos tem Trump sobre o que se passa em Cuba? Que sabe ele de liberdade
religiosa ou dos criminosos que depois de julgados e condenados se intitulam
presos políticos?
Por onde
andava Trump quando em Fevereiro do corrente ano assistimos ao encontro histórico entre o
Papa Francisco e o Patriarca Kiril da Igreja Ortodoxa Russa que se realizou em
Havana, cuja declaração conjunta foi lida e assinada na presença do Presidente
Raul Castro, anfitrião dos distintos representantes das duas Igrejas que
estavam divididas desde o Cisma no ano de 1054 e que agora, passado quase um
milénio, se voltaram a reunir fraternalmente num país pacífico que sabe receber
de braços abertos todos aqueles que amam a paz?
Que sabe Trump das visitas Papais
a Cuba ou das várias confissões religiosas que têm os seus fieis no país e que
vão desde os Católicos, Protestantes, Baptistas, Jeovás, Adventistas,
Presbiterianos, Anglicanos, Metodistas, Luteranos, Ortodoxos, Muçulmanos,
Judeus, Budistas, etc., até aos Santeristas, prática Afro-Cubana cuja origem
remonta ao século XV com o comércio de escravos e que hoje está fortemente
implantada no país?
Como pode este indivíduo
defender criminosos de delito comum, muitos deles pagos para praticarem actos
de provocação e outros de sabotagem, pondo em risco a segurança do país e até a
vida de inocentes?
Como pode este paranóico de
origem alemã mas nascido num país que apenas tem pouco mais de 200 anos de
história falar sobre a liberdade de outros, quando não olha para o que se passa
na sua casa e ataca ferozmente a emigração mexicana querendo até construir um
muro?
Sabe-se de Trump que aquilo
que ele diz hoje pode contradizer amanhã, mas contudo é necessário ter algum
cuidado – se vier a ser eleito – não porque manterá o embargo a Cuba e porá fim
às conversações bilaterais, mas sim porque terá um enorme poder bélico nas suas
mãos.
Cuba não necessita de um Trump
como inimigo, mas também é de ficar de sobreaviso se for Hilaary Clinton a
ganhar, já que ela parece não ter autoridade suficiente para controlar todos os
poderosos do regime que apenas se guiam pelos seus desmesurados interesses
pessoais.
Esta indefinição irá persistir
até ao dia 8 de Novembro e afigura-se que qualquer uma das soluções poderá
constituir um obstáculo ao bom relacionamento entre os dois países.
De qualquer modo, Cuba que já
resistiu durante décadas aos ataques sistemáticos dos EUA, saberá mais uma vez
ultrapassar com inteligência qualquer contrariedade.
(Celino Cunha Vieira-Cubainformación)