segunda-feira, 31 de dezembro de 2018



VIVA A REVOLUÇÃO

Após a dura e decisiva batalha de Santa Clara, Fidel pôde finalmente declarar há exactamente 60 anos o triunfo da Revolução, devolvendo aos cubanos a soberania e a independência do seu país; e se nos dias de hoje a maioria dos seus dirigentes já nasceram depois dessa histórica data, os princípios mantêm-se inalteráveis, sempre fiéis a José Marti e a Fidel Castro, ambos bem vivos na nossa memória e nos nossos corações.

Nesta hora de reflexão não podemos também esquecer aqueles que ao longo de todos estes anos contribuíram para que a Revolução se pudesse manter e melhorar, alguns até com o sacrifício da sua própria vida, convictos do lado em que estava a razão e sabendo que ela se constrói diariamente e que nunca estará acabada. Como disse Fidel, “Revolução é mudar tudo o que deve ser mudado”.

Se é certo que subsistem complicados problemas de carácter financeiro, não se pode culpar a Revolução por isso nem aqueles que lutaram heroicamente por ela, mas sim quem tudo tem feito para a destruir, continuando a impor um criminoso e inexplicável bloqueio económico, financeiro e comercial que está mais que provado que é ineficaz politicamente, pois nunca servirá para vergar um povo que já passou por tantos e tantos sacrifícios ao longo da sua vasta e rica história.

"Caia quem cair, morra quem morrer, a revolução cubana não desaparecerá"
(Fidel Castro, 1 de setembro de 1997)



sábado, 19 de maio de 2018


JOSÉ MARTI

Assinala-se amanhã, 19 de Maio, a data em que em 1895, com apenas 42 anos de idade, José Marti morreu em combate pela independência de Cuba face ao domínio espanhol, tendo sido mutilado pelos soldados inimigos e exibidos os seus restos mortais à população.

Filho de pais espanhóis, Marti nasce em Havana no dia 28 de Janeiro de 1853 e ainda bem jovem, influenciado pelas ideias separatistas do seu professor o poeta Rafael Maria Mendive, publica aos 16 anos o seu primeiro manifesto patriótico em verso, o “Abdala”, estabelecendo como prioridade para a sua vida acabar com o absurdo de às portas do século XX ainda os países da América Latina serem governados por europeus, iniciando a sua luta pela independência de todas as colónias, incluindo a cubana.

Preso várias vezes por motivos políticos, é deportado para Espanha, onde faz os seus estudos superiores primeiro em Madrid e depois em Saragoça, licenciando-se em Direito, Letras e Filosofia. Muda-se para França, depois para o México, onde casa com Cármen Bazón e em seguida para a Guatemala, onde, dotado de uma vastíssima cultura geral, lecciona na Universidade Nacional, acabando por se radicar em Nova Iorque, trabalhando como jornalista, a par da sua actividade de poeta e escritor, publicando centenas de poemas, novelas e dramas, para além de cartas e artigos de jornal. A letra da música “Guantanamera”, conhecida internacionalmente como símbolo da Ilha, foi retirada do seu poema “Versos Sensillos” dedicado ao amor, à mulher e à pátria.

Ao escrever “Nuestra América”, publicado em Janeiro de 1891 num jornal mexicano, José Martí trás para a ordem do dia, o problema da identidade latino-americana que, para ele, passava num primeiro momento, pela organização da guerra contra os espanhóis e, num segundo momento, por um processo educacional que garantisse a dignidade de todos, contra a emergente pretensão de domínio vinda do norte.

Ao perceber essa realidade, Martí propõe a união dos povos latinos como o caminho necessário à integração continental num processo que desencadeasse o despertar contra a opressão social e cultural. Em rigor, Martí propõe a união dos latino-americanos, mas conservando a autonomia e as particularidades de cada país para fazer frente ao neocolonialismo.

Segundo Martí, as administrações das futuras repúblicas independentes teriam de conhecer com profundidade os elementos de que era constituída a sua terra, pois só assim seriam capazes de governar no sentido de se obter uma vida digna.

Assim sendo, a história deveria ser estudada, não só para a conhecer, mas também para a confrontar com os seus problemas, pois, somente conhecendo-a e tornando-a conhecida, a mesma seria respeitada.

Martí, profundamente ligado ao seu tempo, não abria mão da procura constante do crescimento do seu povo. Entendia que era preciso empreender uma cruzada para revelar aos homens a sua natureza e, através dos estudos científicos, promover a independência pessoal e social de Cuba e de toda a América Latina.

Para que os ideais de José Marti não fossem esquecidos e para perpetuar a sua obra, foi construído em Havana um Memorial situado na Praça da Revolução, onde através de exposições permanentes e temporárias se pode conhecer um pouco melhor a sua personalidade, constituindo passagem obrigatória para quem visita a capital cubana.

A sua visão do mundo em pleno século XIX, levou-o a profetizar tudo aquilo que viria a ocorrer no século seguinte, legando-nos um vasto rol de pensamentos e de princípios que ainda hoje estão plenamente actuais.

Desde os domínios coloniais, passando pelo poderio bélico, económico e financeiro das grandes potências, os problemas que se colocam aos pequenos países continuam a ser os mesmos e Cuba, com o desmoronamento em 1989 do bloco socialista, passou por um período tremendamente crítico na década de noventa, o qual só foi superado por possuir um povo digno, abnegado e heróico, tal como Marti.

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)




sábado, 5 de maio de 2018



PRIMEIRO DE MAIO EM CUBA

Quem teve o desejo e a oportunidade de ver através da Cubavisión as comemorações do 1.º de Maio em Cuba, verificou certamente que este ano a participação popular foi maior que em anos anteriores, numa demonstração de completa sintonia com a Revolução e com os dirigentes eleitos recentemente, nunca esquecendo o líder histórico e grande timoneiro dos ideais e das conquistas alcançadas ao longo dos últimos 59 anos por um povo que não se verga e que sabe quais os caminhos que deve traçar para se manter livre e independente.
Em Havana cerca de um milhão de cidadãos de todas as idades desfilaram perante o novo presidente Miguel Diaz Canel e o anterior Raul Castro, os quais, lado a lado, foram acenando e agradecendo as manifestações de apoio e solidariedade de que foram alvo.
No contexto e antes do desfile, o líder da Central de Trabalhadores de Cuba, Ulisses Guilarte de Nascimento fez a sua alocução e agradecimento a todos os participantes, incluindo os das delegações estrangeiras que se deslocaram propositadamente num gesto de solidariedade com Cuba.

Disse Ulisses Guilarte:
“Neste momento histórico para o país, milhões de cubanos em todo o comprimento ea largura do país, estrela em outra mobilização nacional maciça e popular para comemorar Dia Internacional dos Trabalhadores, presidido pelo lema Unidade, Compromisso e Victoria, em um momento em que nos desenvolvemos a partir do sindicato baseia o processo orgânico para o XXI Congresso da Central de Trabalhadores de Cuba, que terminará no próximo ano comemorando o 80 º aniversário da sua fundação.
Temos muitas razões e argumentos para transformar este Dia de Maio numa nova manifestação de apoio à nossa Revolução, a Raul Castro, a Diaz Canel e também num cenário de homenagem ao seu histórico líder Fidel Castro Ruz para ratificar a firme determinação de cumprir o conceito de revolução que nos legou.
Nesta ocasião, a luta heróica faz-nos sentir orgulho de ser cubano dignificando a história do nosso país, como o aniversário 165 do nascimento do herói nacional José Martí, como os 150 anos do início da guerra pela independência, ou o 65º do assalto ao quartel Moncada e Carlos Manuel de Céspedes e o 60º aniversário do triunfo da Revolução.
Ao mesmo tempo, as imagens de destacados líderes trabalhadores que hoje portamos e homenageamos neste enorme desfile como Lázaro Peña, Jesús Menéndez, José María Pérez, Aracelio Iglesias, e outros intimamente ligados às lutas sindicais, constituem o testemunho da nossa eterna gratidão pelo seu exemplo de fidelidade e firmeza.
Da mesma forma, nos desfiles compactos e coloridos, que neste momento decorrem pelas praças de todo o país, reiteramos a denúncia pela cessação do bloqueio genocida económico, comercial e financeiro imposto a Cuba e que agora se intensifica, multiplicará a voz de um povo que exige o retorno do território ocupado ilegalmente pela base naval de Guantánamo, assim como denunciamos a acção agressiva e intervencionista do governo dos Estados Unidos.
A batalha estratégica no campo económico e produtivo das empresas, estatais ou privadas, exige, como nunca antes, a contribuição dos trabalhadores para elevar e diversificar constantemente as produções e melhorar a qualidade dos serviços, juntamente com a necessária eficiência do processo de investimento que é executado nos programas de desenvolvimento do país.
Ao atingir esses objectivos, estamos plenamente conscientes da responsabilidade da classe trabalhadora em gerar a riqueza que o nosso povo precisa para satisfazer as suas necessidades, preservar os ganhos sociais e ter como premissa o aumento da renda real dos trabalhadores e aposentados.
Num dia como hoje, não se pode esquecer que vivemos num mundo caracterizado por uma ordem económica internacional, injusto, desigual e exclusivo, onde a ofensiva do imperialismo e as suas políticas neoliberais continuam a ter impacto no mundo do trabalho.
As reformas trabalhistas, recentemente aplicadas em vários países, eliminaram acordos de negociação colectiva aumentando as bolsas de pobreza, fomentaram os contratos precários onde as grandes vagas de trabalhadores migrantes não têm as garantias mínimas dos seus direitos trabalhistas, da mesma forma que o desemprego aumenta com maior incidência em jovens e mulheres, juntamente com a exibição de propaganda para desvalorizar o papel de classe dos sindicatos.
Cuba e o seu movimento sindical reafirma o firme compromisso e solidariedade militante com os povos do mundo que estão lutando pela sua soberania e independência.
Satisfaz-nos saudar neste acto os companheiros e amigos de diversas organizações sindicais, grupos de solidariedade e movimentos sociais que com a sua presença referendam o seu incondicional apoio à nossa luta para alcançar um mundo melhor.
O Dia Internacional dos Trabalhadores é uma contundente demonstração das sólidas bases da nossa gloriosa Revolução, do respeito maioritário dos trabalhadores e do povo à actualização do modelo sócio-económico do nosso país.
Unidade, Compromisso e Vitória sintetizam a nossa decisão presente e futura de seguir construindo uma nação soberana, independente, democrática e próspera. Adiante compatriotas, nada nos deterá.”

(Celino Cunha Vieira - Cubainformación)





terça-feira, 27 de março de 2018


TRANSFORMAÇÕES EM CUBA

No contexto de uma vez mais alguns órgãos de comunicação social reproduzirem aquilo que lhes chega através das agências internacionais de intoxicação sobre a mudança da presidência em Cuba, difundindo títulos como “o fim da dinastia dos Castro” e tantas outras palermices, cujas intenções são sobejamente conhecidas com o objectivo de menosprezar o sistema eleitoral e especulando sobre a legitimidade de quem conduziu os destinos do país desde a Revolução em 1959.

Já várias vezes tenho escrito e afirmado que o Presidente Raul Castro assumiu as responsabilidades que lhe foram exigidas e confiadas pelas suas qualidades e não por ser irmão de quem era. Muitos não sabem ou querem omitir, que Raul com apenas 22 anos participou no assalto ao Quartel Moncada, sendo um dos revolucionários julgado sumariamente e deportado para a Ilha da Juventude onde esteve preso com todos os outros que sobreviveram à heróica acção que deu início à luta armada para derrubar a ditadura existente no país.

Pela intervenção na clandestinidade do Movimento 26 de Julho e pela pressão popular sobre o poder instituído, todos beneficiaram de uma amnistia presidencial, exilando-se no México e preparando a expedição do iate Granma que os levaria até à Sierra Maestra.

Durante o período da luta armada, Raul foi elevado ao posto de Comandante, tendo liderado uma das colunas de guerrilheiros que cruzando toda a antiga província do Oriente, abriu a “Frente Este Frank Pais” até ao nordeste, revelando toda a sua capacidade militar e de dirigente político.

Após o triunfo da Revolução Raul Castro foi Ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro até ser chamado a assumir outras responsabilidades, não por se chamar Castro, mas sim pelo reconhecimento da sua personalidade e dos relevantes serviços prestados à Nação.

Nas funções que agora irá terminar, e será bom recordar que foi por sua proposta a aprovação na Assembleia Nacional do limite de até dois mandatos de cinco anos para todos os cargos políticos, revelando um desprendimento total pelo poder e dando oportunidade a que as novas gerações assumam os destinos do país.

Durante os últimos anos que exerceu a presidência, deve-se a Raul a tentativa de melhorar e desenvolver as relações com os EUA, agora num impasse devido ao ocupante da Casa Branca em Washington, às reformas migratórias em que eliminou todo um processo burocrático que restringia a entrada e saída de cubanos do país, à autorização do trabalho por conta própria e ao desenvolvimento de negócios privados, maiores facilidades para o investimento estrangeiro com a implantação de empresas que se queiram instalar no território, compra e venda de propriedades por parte dos nacionais ou residentes, desenvolvimento das telecomunicações e internet, para além de muitas outras transformações que por serem consideradas normais, ninguém já fala delas ou as valoriza.

Raul Castro foi um grande Presidente e certamente que será substituído nessas funções por alguém que irá dar continuidade aos princípios revolucionários e conquistados com muitos sacrifícios, tendo sempre em mente os ensinamentos de Marti e a elevada visão de Fidel.

(Celino Cunha Vieira – Cubainformación)